Faz parte do nosso dia a dia. Está em todo o lado, visível e invisível. Inegável e incontornável. É graças a ela, que escrevi esta peça. E é graças a ela, que outros tantos a irão ler.
Mas qual é exatamente o papel da tecnologia na nossa vida? Uma aliada na promoção e aumento da nossa qualidade de vida? Ou pelo contrário, uma inimiga que nos mantém reféns?
Comecemos por compreender o conceito de qualidade de vida. Segundo a OMS, é “a percepção do indivíduo da sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objectivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL, 1994).” Isto é, a percepção de qualidade de vida é subjectiva, e depende do conjunto de valores e objectivos de vida de cada sujeito, inserido num conjunto mais lato de princípios da cultura em que este se insere. No entanto é possível, destacar alguns aspectos centrais que caracterizam este conceito. Acesso à água, alimentação, habitação, educação e cuidados de saúde, podem ser interpretados como aspectos básicos da qualidade de vida. Na sociedade ocidental, é todavia, frequente recorrermos a outros medidores. É o acesso a internet, os gadgets de última geração, as viagens, e até a alimentação dita gourmet, que dirá a qualidade da nossa vida.
O outro conceito a explicar é tecnologia. O dicionário da Língua Portuguesa da P.E, define tecnologia como “conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que permitem o aproveitamento prático do conhecimento científico.”
É pois, todo o processo, que parte da identificação de um problema prático até à solução para o mesmo, da ideia ao produto final.
É um conceito que nos acompanha desde dos primórdios da história do homem. Pese embora, a sua definição seja um construto moderno.
A tecnologia permitiu-nos voar, falar com alguém a quilómetros de distância, salvar vidas que de outra maneira estariam perdidas. Graças a ela, recuperamos mundos perdidos, e descobrimos novos.
Se inicialmente o processo foi lento, e por vezes até pareceu estagnar, hoje não é assim. O que até aí julgamos certo, o que acreditamos ser o último “grito” da tecnologia, no dia seguinte não é assim. E com isto, descobrimos que todos os dias temos novas necessidades. Se a tecnologia nos permitiu evoluir, criando novos horizontes. O seu lado negro, criou uma dependência, estimulando um crescente consumismo, advento da era do descartável. Hoje, nada dura mais do que meia dúzia de dias. Tudo é dispensável e substituível.
Mas a tecnologia também tem um lado positivo. Devemos a sua constante mutação e evolução, descobertas que nos permitem aumentar a nossa longevidade. Reduzir a distância que nos separa. Conhecer locais, que para muitos, de outra maneira não seria possível. A tecnologia faz chegar aos mais remotos lugares da terra, educação e oportunidades de um futuro diferente, a muitos que sem ela, estariam condenados.
São inegáveis e inúmeros os benefícios da tecnologia. O seu desenvolvimento é sinal claro de progresso, e permite ainda hoje ultrapassar as limitações que nos são impostas pela Natureza. Sem embargo, o preço a pagar é elevado. Não esqueçamos que a tecnologia permite hoje destruir milhões de vidas, pressionando um simples botão. Se a tecnologia nos permitiu elevar os parâmetros da qualidade de vida, também criou uma dependência enorme, restringindo a nossa imaginação e capacidade de resolver problemas sem o recurso a tecnologia.
Recordo-me de um filme de animação recente, que mostrava um rotundo homem, confortavelmente sentado numa cadeira e servido por robots, sem esforço nenhum. Quase esquecido de como andar. Estamos assim tão longe desta imagem?